segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Para ALine

Rio, 11/2/11

Ontem Aline viu um homem se matar. Viu seu corpo inerte, na calçada do bairro mais bonito da cidade. Os sensíveis olhos de Aline se chocaram ao encarar a morte.
Enquanto encarava a cena inesperada, passou a pensar em sua própria vida. Passado o minuto em que agradeceu silenciosamente por sua própria vida, passou a imaginar a história que teve o tal corpo. Por que teria se matado? Não era feliz? Alguém consegue não ser feliz morando em Ipanema? Será que escondia um segredo? Será que morreu de amor?
Escrevendo mentalmente o roteiro da vida do corpo morto, Aline chorou. Por tudo o que imaginou para a vida do suicida. À noite, ele apareceu nos seus sonhos, pedindo ajuda.

O que te aflige na morte, Aline?
É a falta de vida na vida das pessoas? A falta de coragem? A falta de fé?

Aline, o que te aflige na vida? É a morte que sempre nos ronda? É a coragem das pessoas que buscam por ela? Ou é a certeza de que todos nós vamos enfrentá-la um dia?

Não te aflijas, Aline. Se acostume com a morte, sorria para ela. A morte não é tua inimiga. Ela só faz o trabalho doloroso para qual foi designada. Todos os dias temos milhares de motivos, particulares e universais, para não querer viver. Mas temos um motivo maior que nos faz encarar a vida: Nunca sabemos quando a nossa história vai acabar!

Encontrar a morte e não ir embora com ela significa que a nossa história continua. Então, não se aflijas, Aline.



“Se você está triste e pensa em se matar levante da cama, faça algo por você, reaja”
Caio Fernando Abreu

2 comentários: