Quando saí da sala já sabia que você estaria lá. Eu, sempre tão segura e confiante, sinto o peso do ar que dividimos e me diminuo, involuntariamente. As pessoas ficam desfocadas e meus passos são pesados e lentos. Sinto seus olhos me olhando e o ar quase me sufoca. Tensa, caminho em sua direção. Sua presença incomoda, por que você está sempre tão vivo? Quando consigo chegar perto, minha mente embranquece. Tudo que treinei e repassei tantes vezes para falar se vai pela sala branca que virou a minha cabeça. Tento segurar alguma boa tirada, um comentário que faça você pensar que sou a mulher ideal e que precisamos nos beijar imediatamente, mas as boas ideias vão todas embora. Me sinto burra, envergonhada por ser burra, e idiota por estar envergonhada por ser burra. Quanto mais me aproximo, menos tenho coragem de te encarar. Corro para o banheiro mais próximo e me tranco numa cabine. Enquanto recupero o fôlego, repasso mentalmente o que quero te dizer. Minhas mãos estão congelando, meu coração está frenético e respiro com dificuldade. Junto o pouco de dignidade que me resta e resolvo te encarar. Já te imagino sorrindo, vivo e... você não está mais lá. Me despedaço inteira e fujo de mim. Burra, ridícula! Ainda te procuro pelos corredores, mas as lágrimas que saem dos meus olhos não me deixam enxergar mais nada.
Não consigo existir com você por perto. Ou estou com você, ou não sou nada.
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